quinta-feira, 19 de abril de 2012

Terra de índio, floresta em pé


Você faz idéia de quantas tribos existem no Brasil e a importância das reservas indígenas para a proteção da biodiversidade brasileira e a sustentabilidade da região amazônica?

Os povos indígenas costumam exercer fascínio e suscitar a curiosidade naqueles que vivem bem distantes das tribos. A vida na mata, as pinturas vibrantes e as danças até parecem conferir aos índios algumas características comuns. Mas uma observação mais atenta logo nos faz perceber a imensa diversidade que existe entre os 227 povos que habitam as terras brasileiras e representam 0,4% da nossa população.

Preservar a cultura e manter ilesos os territórios indígenas são atitudes que têm um significado relevante para o país, e isso vai além dos aspectos históricos e culturais. A conservação das terras indígenas constitui também a preservação da nossa biodiversidade e da sustentabilidade na região amazônica.

Novo olhar

Do ponto de vista histórico e cultural, o olhar lançado por sertanistas e pesquisadores, a partir da aprovação do Estatuto do Índio, em 1973, resultou em uma profunda mudança na atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) junto a esses nativos e no monitoramento das tribos que ainda hoje vivem isoladas na floresta.

Se antes da criação do Estatuto o esforço da entidade era no sentido de aproximação e integração das diversas tribos, hoje é da observação a distância, sobretudo em relação àquelas que não mantiveram contato com o homem branco. É um novo olhar para manter preservadas a identidade, a cultura e também a saúde dessa população, que, no passado, foi dizimada pela armas e também pelas doenças transmitidas pelo homem branco (algumas simples como a gripe, por exemplo, mas com poder fatal sobre o sistema imunológico do organismo dos índios).

De acordo com a Funai, há indícios da existência de 68 grupos indígenas que vivem isolados em nosso território. Em 2008, o órgão divulgou fotos de um grupo que vive no Acre, próximo à fronteira com o Peru, e que mantém hábitos culturais comuns à maioria dos indígenas ancestrais, como o cultivo da mandioca, da batata e da banana. São essas tribos que podem mais sofrer no contato com o branco, por isso a política de observação a distância.

Conservação e uso sustentável

Além da riqueza dos aspectos culturais, a conservação das terras indígenas, que perfazem 12% do território nacional, passou a ser defendida pela Funai e pelo Governo Federal, especialmente porque 21% das terras indígenas se inserem na chamada Amazônia Legal.

A região é ocupada por tribos que mantêm uma situação de relativa preservação dos recursos naturais, em razão do modo de vida estabelecido pelos índios com baixo impacto no meio ambiente. O índio caça, derruba e queima a mata para dar lugar a pequenos roçados. Mas tem por hábito transferir-se para áreas próximas ao antigo roçado, dando chance à antiga área de recuperar-se naturalmente. Portanto, o número de árvores removidas para dar lugar à plantação está longe de implicar devastação da floresta ou poluição dos rios.

No modo de vida associado à conservação da natureza está a chave para a formulação de projetos de sustentabilidade. O Instituto Socioambiental (ISA), uma ONG que propõe soluções integradas para as questões sociais e de meio ambiente, enxerga na proteção e no uso sustentável dos recursos naturais presentes nas terras indígenas a saída estratégica para o futuro desses povos e também para a conservação e uso responsável da biodiversidade brasileira.

No Brasil:

Existem cerca de 227 povos indígenas, representando 0,4% da população brasileira. Ocupam 12% do território nacional.

Apesar das invasões e conflitos com madeireiras e agropecuaristas, a demarcação de terras indígenas ajudam na conservação da biodiversidade brasileira e a manter a floresta em pé.

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